Psicofobia: preconceito contra vítimas de transtornos mentais prejudica pacientes

Os vários pacientes do Centro Assistencial Psicossocial (CAPS) de Papanduva frequentemente sofrem com o preconceito por causa dos transtornos que eles são vítimas, como a depressão e esquizofrenia. Segundo os especialistas de saúde mental, este preconceito é chamado de Psicofobia.

A psicologia define esse termo como medo exagerado e irracional da mente. No entanto, tem sido um termo usando em sentido não clínico no Brasil, podendo neste contexto ser definido como o preconceito ou discriminação contra pessoas com transtornos ou deficiências mentais. Como exemplos de Transtornos Mentais que são alvos de preconceito estão  depressão, bipolaridade, bulimia, anorexia, autismo, síndromes em geral, alcoolismo, dependência de drogas, entre muitas outras.

Esse tipo de ação pode prejudicar muito um paciente. De acordo com a psicóloga Ana Paula do CAPS Papanduva, o preconceito pode ser nocivo ao paciente. “Esse tipo de ação acaba prejudicando com certeza o tratamento. O paciente, além de lidar diariamente com os efeitos colaterais da medicação, ainda terá que aprender lidar com os julgamentos preconceituosos”, explica.

 

“Frescura?”

Algumas pessoas não acreditam em doenças mentais. “É frescura deles sim. Isso é coisa de gente safada”, dizem alguns. Alguns contam que muitas pessoas melhoram sozinhas, sem medicação ou tratamento especializado: “Foi só a pessoa se ocupar que tudo melhorou”, contam.  O que essas pessoas não sabem quando falam esse tipo de coisa é que há um projeto de lei que criminaliza esse tipo de ação.

O Projeto de Lei do Senado nº 74 de 2014, altera o Decreto-Lei nº 2.848, de dezembro de 1940 (Código Penal), para tipificar o crime contra as pessoas com deficiência ou transtorno mental. A pena prevista no projeto é de um mês a um ano de detenção para quem praticar injúria contra pessoas com transtorno mental.

“A palavra psicofobia é fruto de um contexto em que as pessoas são diagnosticadas e têm vergonha de se tratar. Foi preciso classificar o preconceito que essas pessoas sofrem, na mesma linha da homofobia e xenofobia. A ideia de criminalizar é ser uma ação educativa e de conscientização; não tem como objetivo colocar ninguém na cadeia. As pessoas precisam cuidar e respeitar as pessoas portadoras de transtornos mentais”, argumenta Antônio Silva, presidente da APAL (Associação Psiquiátrica da América Latina).

 

Vítimas

Muitos pacientes diagnosticados com algum Transtorno Mental sofrem perseguição e preconceito de vizinhos, família e até de muitos profissionais que não compreendem a doença. Muitos pacientes que frequentam ao CAPS se queixam que são taxadas como loucas e, relatam não aguentarem esse tipo de situação pois a doença traz um sofrimento psíquico difícil de suportar mesmo com o tratamento adequado, com medicações e tratamento psicoterápico e quando se deparam com o preconceito se sentem muito piores.

A coordenadora do Centro de Assistência Psicossocial (CAPS),  psicóloga Ana Paula Germani explica que esse tipo de preconceito só piora a situação. “São seres humanos que não oferecem risco nem a si próprios ou a outrem se estiverem realizando tratamento adequado e não merecem passar por isso”.

 

 O que fazer?

“Para diagnosticar se um paciente está sofrendo preconceito é importante observar o seu comportamento que com certeza mudará a partir de falas que o desagradam. Começará a fugir e isolar-se de determinados ambientes que ora frequentava livremente, a adesão medicamentosa ficará prejudicada diante de mais sofrimento psíquico”, afirma a psicóloga Ana Paula Germani.

Para entender os casos de doenças e transtornos psiquiátricos, primeiramente é necessário um diagnóstico preciso feito por profissionais capacitados e com apoio da família que será orientada para entender como funciona a dinâmica dos pós-diagnostico. “É Importante as pessoas se conscientizem do mal que fazem ao discriminar e se manterem preconceituosas em relação aos portadores de algum sofrimento psíquico”, finaliza a psicóloga.

 

A Campanha contra a Psicofobia

 

No dia 12 de abril é comemorado o dia de combate a Psicofobia, em alusão ao nascimento do artista Chico Anysio, patrono da campanha contra a Psicofobia e do projeto “A sociedade contra o preconceito”. Já o dia 18 de maio é alusivo ao Dia da Luta Antimanicomial (contra os manicômios). Por isso foi no mês de maio que o CAPS iniciou uma campanha que abrange os dois temas, ambos ligados ao preconceito, discriminação e a falta de respeito ao portador de sofrimento psíquico.