Estátua do Monge João Maria é fixada na Praça José Guimarães Ribas

Após restauração, estátua do Monge João Maria é fixada na Praça José Guimarães Ribas. O monumento encontrava-se em situação precária, próximo ao “Pocinho”, na localidade de Passo da Cruz. Agora, com a estátua localizada no centro da cidade, fica ao acesso de toda a população. Ajude a preservar este patrimônio histórico e cultural.

 

O monge e a guerra do contestado

A história da região do Contestado traz consigo a marca das lutas de um povo simples e a “força” de interesses governamentais e privados: a Guerra do Contestado. Há aproximadamente 90 anos (1912 a 1916), iniciou-se uma luta de resistência popular muito significativa para o povo caboclo desta região. A luta destes homens e mulheres aconteceu porque eles foram sendo expulsos de suas terras, por causa das grandes empresas de colonização, madeireiras e ferroviária. Com a aprovação do governo, as empresas se instalaram e se apropriaram das terras e das riquezas, através dos “grandes”. Uma luta de resistência popular que se transformou em guerra com o envolvimento de exército nacional e, pela primeira vez, com o uso de avião. Muito sangue derramado, irrigou o chão e a luta do Contestado.

A população tinha muitas necessidades, em todos os aspectos. Os monges, especialmente João Maria, com simplicidade e empatia, tornaram-se um mito e um símbolo para esta gente. A devoção à cruz, entre os caboclos, foi muito incentivada por eles, e tinham o costume de plantá-la por onde passavam. O povo – com fome, doente e sem terra – foi se identificando com a cruz, com aqueles que a plantavam e com Aquele que a carregou primeiramente, como sinal de redenção e libertação. A religiosidade sempre foi uma riqueza do caboclo. Opuseram-se aos poderes dominantes; cultivaram e implantaram os redutos, verdadeiras comunidades de fé e vida, em defesa e manutenção da vida.

Neste período, destacamos também a colonização europeia de alemães, italianos e poloneses vindos do Rio Grande do Sul e de outras regiões do país. A chegada dos europeus, nesta região, incentivada pelo governo e pelas elites do país, também foi marcada por sofrimento e exploração.

 

Mandamentos das Leis da Natureza

Esses mandamentos foram, segundo a crença popular, escritos pelo Monge João Maria.

 

  1. Não se devem queimar folhas, cascas e nem palhas das plantações que dão mantimentos. o que a terra dá emprestado quer de volta.
  2. Ao cortar uma árvore ou pé de mato, não se deixa mamando. Corta-se por inteiro. Enquanto as plantas agonizam, os negócios da gente também, vão para baixo.
  3. Quem descasca a cintura das árvores para secá-las, também vai encurtando sua vida. Árvore é quase bicho e bicho é quase gente.
  4. O Pai da vida é Deus. A mãe da vida é terra. Quem judia da terra é o mesmo que estar judiando da própria mãe que o amamentou.
  5. O cavaleiro que passar  perto da lagoa ou cruzar uma corrente de água e não der de beber ao animal, morrerá com a garganta seca.
  6. Bicho do mato é filho da terra. Só se matam os danosos.
  7. Bicho do mato não traz marca de gente. Pertence a Mãe Natureza. Quem caça por divertimento, caça o alheio. É criminosos. Será punido.
  8. Não permita que seus filhos matem passarinhos. É malvadeza.
  9. Não se chama nome feio à criação. Ela obedece ao instinto que é a Mãe Natureza.

10. Quem monta um animal com ferida no lombo, vai sofrer de dor nas costas.

11. Não se tira leite, sem deixar um teto cheio ao terrneiro.

12. Não se tira mel, sem deixar algusn favos para as abelhas.

13. O ladrão é sócio do tinhoso. O roubo é repartido no inferno.

14. Da baba do tinhoso é cheia a boca do mentiroso.

15. Rogar pragas é chamar o tinhoso para sí.

16. Desempenha o que prometer. Palavra dada é sagrada.

17. O velhaco deve a Deus, mas paga ao tinhoso.

18. Do vadio até o rastro é feio.

19. Quer morrer novo? Não respeite os velhos.

20. A pobreza não é defeito: a sujeira, sim.

21. Trata bem do teu hóspede para seres bem tratado.

22. Quem usa a arma da boa conduta, ama e obedece a Deus.

23. Respeita a família dos outros, para que respeitem a tua.

24. Não é preciso ser santo; mas é preciso ser respeitado.

(Fonte: Diocese de Caçador)