18 de maio – Dia da Luta Antimanicomial
O dia 18 de maio marca, no Brasil, o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, cujo movimento iniciou na década de 70. E para esclarecer o assunto e informar a população sobre a data, a psicóloga do CAPS de Papanduva, Ana Paula Germani, cedeu entrevista ao Programa Institucional de rádio do Governo do Município, do último sábado, 18.
ENTREVISTA:
Psicóloga: O dia de hoje, 18, é marcado pelo Dia Nacional da Luta pelo fim dos manicômios, através de dois marcos importantes em 1987, que tiveram como lema “por uma sociedade sem manicômios”, diferentes categorias profissionais, e outros segmentos da sociedade questionaram o modelo clássico de assistência centrado em internações em hospitais psiquiátricos, denunciaram as graves violações aos direitos das pessoas com transtornos mentais e propuseram a reorganização do modelo de atenção em saúde mental no Brasil a partir de serviços abertos, comunitários e territorializados, buscando a garantia da cidadania de usuários e familiares, historicamente discriminados e excluídos da sociedade. Foi o inicio do que seria hoje os CAPS e a rede de atendimento em saúde mental.
Entrevistador: E quais são os objetivos desta data?
Psicóloga: Os objetivos da data,desde então seriam propor não só mudanças no cenário da Atenção à Saúde Mental, mas, principalmente, questionar as relações de estigma e exclusão social e cultural que se estabeleceram para as pessoas que vivem e convivem com os “transtornos mentais”.
O profissionais da saúde mental são parceiro desta luta ao longo dos anos, combatendo as lógicas de exclusão e buscando contribuir para a construção de práticas inclusivas em saúde mental. Precisamos defender a necessidade urgente da implantação e implementação dos espaços de atenção substitutivos ao modelo manicomial, como exemplo os CAPS, que ofereçam formas de tratamento mais humanizadoras e que protejam seus usuários contra qualquer forma de abuso ou exploração.
Entrevistador: Então Ana, podemos dizer que muito já se avançou neste assunto, mas ainda assim, tem bastante coisa a melhorar.
Psicóloga: Exatamente, Entendemos ser da nossa responsabilidade, enquanto profissionais da saúde mental, participar ativamente desta discussão. Neste sentido, entendemos que precisamos sim ampliar o número de espaços e serviços que acolham essas pessoas em momentos de grande sofrimento psíquico.
Porém, estes espaços não podem ser regidos pela mesma lógica dos manicômios, ainda presente em muitas ações daqueles que pensam, planejam e trabalham em serviços de atenção em saúde mental no Brasil. Então precisamos ficar atentos para que não haja retrocessos nessa conquistas.
Entrevistador: Agradecemos a sua participação, Ana Paula no programa para alertar à população sobre este assunto que é pouco discutido em sociedade, mas que é de suma importância para as pessoas que sofrem com transtornos mentais e frequentemente são vitimas do preconceito.
Psicóloga: Isso mesmo, o Movimento da Luta antimanicomial faz lembrar que como todo cidadão, estas pessoas têm o direito fundamental à liberdade, o direito a viver em sociedade, além do direto a receber cuidado e tratamento dignos sem que para isto tenham que abrir mão de seu lugar de cidadãos.
Obrigada pelo espaço aqui no Programa Institucional do Governo do Município e convido a todos para que conheçam nosso trabalho no CAPS.
Audio da entrevista disponivel no link: https://static.fecam.net.br/uploads/2274/arquivos/1492617_Programa_Governo_do_Municipio_18_05_19.mp3